No Shivapurána é dito que, em todos os meses, a noite anterior ao dia da Lua Nova é dedicada a Shiva. Essa noite é chamada Shivarátri, a “noite de Shiva”. Uma vez ao ano, no mês de fevereiro/março, chamado mágha, há um dia e uma noite inteiros dedicados a Shiva, chamados Maháshivarátri. Esse dia é de orações, rituais, ascetismo e práticas espirituais. É quando novos sannyásis, renunciantes, são iniciados; pessoas que desse momento se propõem a viver somente suas buscas espirituais. Na Índia, em todos os templos de Shiva, há uma grande comemoração nesse dia.Shiva, na tríade vêdica, é o Destruidor, Transformador, ao lado de Brahmá, o Criador, e Vishnu, o Preservador.Não encontramos templos a Brahmá, pois todo o mundo é seu templo, e o respeito à criação, o oferecimento de orações a Ele. Nada temos a pedir, pois a criação aqui está.Vishnu, o Preservador da criação, é casado como Lakshmí, a Deusa da riqueza. Os templos dedicados a Eles, ou a uma das manifestações de Vishnu, como Ráma ou Krishna, são de grande beleza e muito populares. A Ele é pedido o bem-estar, conforto, riqueza e bens materiais.Shiva é o asceta. Ele dissolve a criação para o aparecimento de outra. Ele remove a ignorância para dar lugar ao conhecimento. Ele ajuda os ascetas, os yogis e os estudantes de Vedanta no seu caminho espiritual. Ele domina todas as disciplinas físicas e mentais. Freqüentemente encontramos imagens de Shiva em profunda meditação. Muitos se espantam ao vê-lo envolto em cobras e decorado com cinzas. A cobra simboliza o ego, o ahamkára, que para Ele não é um problema. Para Ele o ego é um alamkára, uma decoração, pois Ele tem o conhecimento do Eu real, ilimitado. As cinzas representam a queima da ignorância e da ilusão. Os cabelos são compridos como os de um asceta, com um coque no alto da cabeça aparando o rio Ganges, que vem com grande força destruidora, para fazer com que esse mesmo rio saia mais tranqüilo para abençoar os seres na Terra. Ao seu lado, em uma de suas mãos, o tridente, trishúla, símbolo do renunciante, e na outra o damaru, pequeno tambor de onde partem os primeiros sons da criação.Shiva é Íshvara, também chamado Maheshvara e Jagadíshvara – o Grande Senhor e o Senhor do Universo. Íshvara é o todo, toda a criação e a causa desta. Por isso Shiva também é simbolizado por um lingam. Lingam, em sânscrito, significa alguma coisa com a ajuda da qual você vê outra coisa. É uma indicação. Shivalingam é uma forma sem forma específica. Uma forma que inclui todas as formas. É o símbolo do todo, que é Shiva.No dia de Maháshivarátri os devotos passam o dia em atividades religiosas e espirituais. Ficam em silêncio, jejum e orações, e no templo há, durante todo o dia, até a meia-noite, uma corrente contínua de repetição do mantra Om namah shiváya – Om saudações a Shiva. Durante o dia vários rituais são feitos. À noite é feito o árati (ritual simples com fogo e cânticos) e distribuído prasáda (alguma coisa, principalmente comestível, que é oferecida no templo e depois dada a todos os que participam).Durante todo esse dia e essa noite, Shiva, que significa auspiciosidade, é lembrado. Não só Ele, mas o que Ele representa: a dedicação total à chamada vida espiritual e à busca do conhecimento; a destruição completa da ignorância e quaisquer obstáculos que possam existir; a dissolução do devoto no altar da devoção, na chama do conhecimento da identidade da natureza de ambos. O devoto de Shiva alcança o bem absoluto que é Ele mesmo.
Extraído do jornal Pramá (Ano I, Nº 1, de março de 1988) do Vidyamandir - Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, e digitado por Cristiano Bezerra. Visite o site do Vidyamandir - Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, da profª Glória Arieira, em www.vidyamandir.org.br
Copiado do site: www.yoga.pro.br
Extraído do jornal Pramá (Ano I, Nº 1, de março de 1988) do Vidyamandir - Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, e digitado por Cristiano Bezerra. Visite o site do Vidyamandir - Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, da profª Glória Arieira, em www.vidyamandir.org.br
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